terça-feira, 31 de agosto de 2010




A medicina alcançou nesses últimos tempos um progresso notável. Apesar disso, inquéritos de opinião que tem sido feitos em varias partes do mundo revelam uma insatisfação crescente da população no que tange aos serviços que recebem dos médicos. Os motivos alegados não fazem alusão à insuficiência dos doutores. O público leigo não tem condições de julgar o conhecimento técnico dos médicos, a não ser indiretamente, de forma inadequada pelos resultados dos tratamentos. Desde o primeiro instante julgam, entretanto, a personalidade do médico. A doença constitui, para o homem, uma ameaça de dor, de invalidez e morte. Desenvolve-se por isso, um sentimento de insegurança e de necessidade de apoio que reedita a situação primitiva de relação da criança com a mãe. Todo paciente tem muito de criança medrosa que procura a mãe-médico em busca de apoio.

Acostumados a ver, ouvir e palpar, muitos médicos não acreditam em nada que não possa ser tocado ou percebido pelos órgãos sensoriais. A ausência completa de temas da psicologia no currículo médico em numerosas escolas contribui, em parte, para tornar verdadeira essa observação. A insuficiência na formação psicológica dos médicos foi sempre sofrida pelos pacientes. Em verdade, os grandes médicos de todos os tempos foram observadores agudos das emoções humanas. O comum dos médicos, entretanto, precisa desenvolver esta capacidade. De outro modo, abre-se o campo para os charlatães que, sem conhecimentos científicos, levam sobre os médicos, a vantagem da argúcia inata utilizada, quase sempre, no sentido de proveito próprio.

Desde o diagnóstico até a terapêutica e o prognóstico, todos os momentos dos atos médicos estão impregnados de sentimentos que podem ser úteis ou prejudiciais ao doente. A personalidade do medico é a primeira droga que se administra aos pacientes. Há, portanto, necessidade de ampliar a “farmacologia” para uma “análise” dessa droga. Por outro lado, o próprio médico vai se beneficiar de um conhecimento maior dos seus objetivos e dos próprios limites. Uma abertura mais ampla para o desconhecido, uma maior capacidade assumir a “coragem da própria ignorância” vai poder aliviar muitas das tensões por vezes prejudiciais à relação com os doentes.

Diante de tantos acontecimentos que vem abalando a imagem do médico e do estudante de medicina (inclusive na nossa Universidade), a construção desse blog visa conscientizar os alunos dos aspectos mais importantes da construção de uma boa relação médico/paciente e dos aspectos legais da Ética Médica que todos nós devemos ter conhecimento.